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A artista plástica Fátima Camargo é uma das cinco brasileiras convidadas para participar de uma exposição com 35 artistas, todas mulheres, de 18 países. A exposição ImagiNaives acontecerá no Museu Internacional D’Art Naif de Magog, em Quebec, no Canadá, com início no dia 14 de setembro, se estendendo até 18 de dezembro.
Fátima conta que o diretor do museu, Jacques Dupont, conheceu seu trabalho por meio de uma rede social, o que lhe rendeu o convite para participar da exposição. “Cinco brasileiras estão participando formando uma corrente de paz unindo o mundo neste tema vital para a humanidade” destaca a artista.
Como regra, as artistas que participam do ImagiNaives produziram os trabalhos inspirados na música Imagine, do cantor John Lenon. A exposição tem a intenção de abordar a visão feminina na construção de um mundo melhor, partindo da obra desse músico consagrado. “Em novembro de 2015 fiz um pedido a Deus: Se fosse para pintar algo pra deixar no mundo, que fosse sobre a Paz. Em janeiro de 2016 surgiu o convite. Fui atendida”, conta Fátima.
É sua sexta exposição fora do Brasil, mas a primeira especifica no seu estilo Naif (primitivo). Para a artista, a participação na exposição é o reconhecimento do trabalho dela e uma oportunidade de, mais uma vez, levar o nome de Santa Cruz do Rio Pardo a outros países. O quadro que ela enviou se chama “A Paz Está em Nossas Mãos” e mostra personagens que representam as diferenças de classes sociais, raça e religião, vivendo em união. A moça com a pomba simboliza o poder de nossas mãos. “Somos capazes de arrancar a maior árvore do mundo por pura ganância, mas também somos capazes de plantar, cuidar, colher e doar seus frutos”, explica a artista. O homem com a guitarra representa o sonhador da canção de John Lennon. As flores vermelhas significam que não há inferno onde a paz reina. As cinco moças na parte de cima representam o cinco continentes unidos pela paz. As rosas brancas formam uma corrente de paz, como na canção “Imagine”. A corrente de paz liga o mundo todo. As pessoas do fundo da pintura estão cada vez mais próximas de quem olha para a tela. É essa a impressão que Fátima Camargo deseja transmitir.
Neta e filha de agricultores, Fátima Camargo nasceu e foi criada na zona rural de Santa Cruz do Rio Pardo. Casada e mãe de três filhos, sempre trabalhou com a família no cultivo de sementes e hortaliças.
Em 2007 enfrentou um quadro forte de depressão decorrente de problemas pessoais, pressões diárias e estresse. Não conseguiu mais trabalhar. Mudavam os médicos, os remédios e Fátima não voltava à realidade. Um dia, diante de uma enorme tristeza de seus filhos, de joelhos, pediu a Deus que lhe devolvesse o prazer pela vida. O pedido foi atendido, pois começava a nascer em seu íntimo o desejo pela arte. Mesmo sem possuir nenhum conhecimento relacionado às telas, tintas, composições e formas, Fátima comprou duas telas e tubos de tinta. Sua produção inicial foi de dez telas divididas entre flores e paisagens. Assim quanto mais se envolvia no mundo de cores e imaginação, menores eram as doses diárias de remédios.
A primeira exposição da artista foi em março de 2012 na Galeria Acácio Gonçalves no Palácio da Cultura Umberto Magnani Netto em sua cidade natal. Ela conta que a secretária de cultura da época, Zildete Torres Camilo, reconheceu sua arte à primeira vista, “É arte primitiva” disse. Desde então Fátima percebeu todo seu potencial. A segunda exposição com o tema “Anjos e Arcanjos” foi na Câmara Municipal de Santa Cruz, em outubro de 2013. Atualmente a artista continua retratando seus sentimento e realidade do campo nas telas. A depressão tornou-se coisa do ado. Sua produção artística ultraa duzentas telas publicadas em catálogos e expostas por todo Brasil e no mundo.